segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cavaleiro Andante

Deram-me a vida, nasci,
Fiz a minha caminhada
Percorrendo a longa estrada
Que me trouxe até aqui…

Cresci entre o amargo e a doçura
Tive arrufos juvenis
E relembro com ternura
Os meus amores infantis
Tão longes da realidade…
Santo Deus, mas que saudade
Dos meus tempos de menina!
Em que eu era a princesa Aurora
E o Amor vinha num corcel
Coberto com um lindo xairel,
Para matar sem demora
A bruxa má e malvada
Que me trazia enfeitiçada…
Ia depois toda ladina
Para o seu castelo de sonho
Onde num porvir risonho
Tínhamos muitas crianças
De olho azul e loiras tranças…

Mas do sonho à realidade
Vai uma certa distância
E o príncipe da minha infância
Mudou também com a idade…
Não veio num belo cavalo
Mas sim num grande navio
Pôs a armadura de lado
Para não derreter com o calor
Que em África não faz tanto frio…
Trazendo à mesma o Amor
E com ele duas crianças
Que não tinham loiras tranças
Fazendo-nos acreditar
No tal final das histórias!
Sou a guardiã das memórias
De um tempo que não vai voltar
Os meus filhos, sim, cresceram
Novos rebentos nasceram
Porque também já sou avó…

Mas no fim, a bruxa venceu
O cavaleiro morreu
Deixou a princesa só…

N.G.

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