sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Ícones Bizantinos


N. SRA. do PERPÉTUO SOCORRO

Muito venerado no Oriente, o ícone da Virgem da Paixão, conhecida no Ocidente como Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está entre as mais expressivas invocações a Maria, a Theotokos, ou Mãe de Deus. Ela representa o feminino celestial, uma vez que na iconografia ortodoxa, as santas, embora existam, não são representadas.
O quadro original é uma pintura em estilo bizantino, sobre madeira, de 54 x 41,5cm, com o fundo em dourado, e que segundo a tradição teria sido pintado em fins do sec. XIII, por um pintor desconhecido, inspirado numa pintura atribuída a S. Lucas, o primeiro iconógrafo conhecido que pintou a Virgem.
A palavra ícone vem do grego eikón, que significa imagem. Era pintado por monges em painéis de madeira seguindo fielmente a Tradição e as regras estabelecidas para este género de pintura que não representava o mundo terreno, mas sim o espiritual. A cor tinha um papel fundamental devido à sua linguagem simbólica, e a figura sacra ali representada era semelhante à realidade, uma vez que se pensava que o divino guiava a mão do artista.
Depois do painel preparado, o fundo era pintado com dourado, (para os pintores, a luz é uma manifestação divina e a cor que melhor a representa é a cor do ouro), e só depois se pintavam as figuras sempre com cores vivas. Dependendo da simbologia do quadro, o fundo também podia ser pintado de vermelho ou azul.

História

Conta a lenda, que um comerciante teria roubado o quadro na ilha de Creta, no século XV, na esperança de obter um bom lucro, segundo algumas fontes, ou para o proteger dos muçulmanos, segundo outros, levando-o para Roma, num navio. Durante a viagem, uma forte tempestade colocou em perigo a vida dos passageiros e somente com a intervenção de Nossa Senhora é que se conseguiram salvar. Mais tarde, antes de morrer, o comerciante decidiu confiar o ícone a um amigo para que levasse o quadro para uma igreja da cidade, a fim de devolvê-lo à veneração pública.
Foi então confiada aos frades agostinianos da igreja de S. Mateus, onde durante cerca de 300 anos foi venerada devido à fama dos seus milagres. Com a invasão de Roma pelas tropas de Napoleão, a igreja foi destruída e o quadro desapareceu durante cerca de 70 anos. Quando reapareceu, em 1865 ou 1866, o Papa Pio IX confiou-o aos cuidados dos Missionários Redentoristas para que difundissem o seu culto. Depois de restaurado foi levado para a Igreja de Santo Afonso, construída sobre as ruínas da antiga igreja de S. Mateus, e que é hoje o Santuário Internacional de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cuja festa se celebra no dia 27 de Junho.
Significado do quadro: O fundo em ouro significa o Paraíso onde a Virgem reina, dando ao conjunto, um sentido de eternidade. Maria segura com afecto e ternura o Menino, no entanto o seu olhar está virado para nós, como que a indicar-nos que Ele é o Caminho, enquanto Jesus olha para os dois Anjos, que seguram os instrumentos da Paixão: À esquerda, S. Miguel de manto verde, segura a lança e a esponja do fel, tendo acima dele, letras gregas com as iniciais de Arcanjo Miguel. À direita, S. Gabriel, de manto lilás, traz nas mãos os pregos e a cruz de três braços, à maneira oriental, símbolo do martírio que irá sofrer. Por cima tem as iniciais gregas de Arcanjo Gabriel.
Assustado com aquela visão, o Menino Jesus agarra-se à mão que a Mãe lhe estende para o confortar e nesse movimento deixa escorregar a sandália do pé direito, que fica segura apenas por um fio. Ela representa uma alma pecadora, dependendo a sua salvação do fio que a prende ao Salvador, e também da sua devoção à Virgem do Perpétuo Socorro.


Sob o manto (maphorion) azul, símbolo da paz e do infinito, Nossa Senhora veste uma túnica vermelha, a cor do sangue dos mártires e do humano, usada pelas virgens naquela altura. O forro do seu manto é verde, símbolo da fertilidade, da natureza e da esperança. Estas três cores em conjunto eram usadas pela realeza, acentuando assim, a dignidade régia da Mãe de Deus. No véu tem três estrelas simbolizando a sua virgindade, mas uma delas está tapada pelo Menino, e a que está na fronte representa Estrela que nos guia através das dificuldades da vida. A coroa de ouro que a Virgem ostenta, foi pintada no quadro original em 1867, em agradecimento pelos muitos milagres efectuados.
No alto do quadro, metade em cada lado, estão escritas em letras gregas, as iniciais de “Mãe de Deus” e de “Jesus Cristo”.
É uma variante da Virgem Hodigitria, que significa (A que mostra o Caminho), e que serviu mais tarde de modelo para as Madonas ocidentais.


Fontes: História da Arte, edições Alfa, vol.3
Revista Arautos do Evangelho
www.iconografiabrasil.com
Wikipédia

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