quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Origens do Trovadorismo


De òc, a palavra occitana para sim, deriva a língua occitana, também conhecida como langue d’òc ou provençal, uma língua românica falada ao sul da França, nalguns vales alpinos da Itália e no Val d’Aran, na Espanha.
A palavra occitana, provém da região da Occitânea, cujo nome deriva de Aquitânia, que no principio do sec. XII era um ducado governado por Guilherme IX, (O Trovador), Duque da Aquitânia, (1071-1126), o grande impulsionador desta poesia, sendo ele próprio poeta e um dos melhores trovadores da altura, que, caso raro, soube transmitir à sua descendência o seu amor pela cultura. Foi avô de uma das mais famosas mulheres da Idade Média, Leonor de Aquitânia, rainha incontestada dos trovadores, e também ela, trovadora.
Nesta época, a literatura existia apenas nos mosteiros e universidades, assentando a cultura popular na transmissão oral, por isso jograis e músicos, (muitos deles estudantes, que assim angariavam mais alguns proventos), andavam pelas feiras, castelos e cidades cantando poesias que eles próprios compunham, ou então narrativas de feitos históricos ou lendários. Mais tarde, os trovadores (troubadours), na sua maioria de origem nobre, aperfeiçoaram esta arte mais de acordo com os ideais de cavalaria então vigentes, introduzindo-a na Corte com tal sucesso, que até grandes senhores ou mesmo reis compuseram as suas trovas.
O primeiro trovador conhecido foi, como atrás referido, o duque da Aquitânia, mas nomes como Bernart de Ventadorn, Guiraut de Bornelh, Jaufré Rudel, Bertran de Born, Peire Vidal, ou Guiraut Riquier, que na canção de amor, coloca no lugar da dama amada, a Virgem Maria, são alguns dos mais de quatrocentos trovadores conhecidos.
Embora em número muito reduzido, houve também mulheres trovadoras (trobairitz), como a condessa de Die.
Entre as várias formas poéticas praticadas, a mais requintada é a canção de amor (canso), que foi também adoptada por trovadores espanhóis, portugueses, e italianos. Na Alemanha eram chamados de Minnesinger, e praticava-se de tal modo esta poesia, que chegou a organizar-se um grande concurso, por volta de 1200, ganho por Walther von der Vogelweide.
Esta poesia, de natureza amorosa, estava sujeita a um rígido código de comportamento ético, as regras do amor cortês, que de certo modo reproduzem as relações de vassalagem da sociedade feudal e reflectem o ambiente cortesão, embora com os primeiros trovadores se tivesse passado por uma fase mais erótica, em que o servidor chega a atingir o grau de “drutz ou amante”.
Com a cruzada contra os Albigenses, organizada pela Igreja e pelo poder político para conter a crescente influência dos Cátaros no Languedoc, e o estabelecimento da Inquisição, que leva à destruição da maior parte das grandes Casas nobres, os trovadores dispersam-se pelas restantes Cortes europeias, assistindo-se a uma mudança no canto trovadoresco, onde o erotismo dá gradualmente o lugar ao sofrimento e ao desejo insatisfeito. O amor aqui transforma-se num culto, quase uma religião.
Na cantiga de amor, o trovador expressa o seu amor ou o seu sofrimento (a coita), por uma dama geralmente de classe superior, perante a qual se sente vassalo, e á qual presta uma submissão total, uma vassalagem humilde e paciente, obrigando-se à manutenção do segredo da identidade da amada cujo nome disfarçaria através de uma “senha”.Teria também de expressar comedidamente o seu sentimento (mesura), para não incorrer no seu desagrado. A dama, designada por “mia senhor”, é sempre a mais bela das criaturas, tanto de corpo como de espírito, completamente inatingível, e que por vezes exige do amador uma entrega total que no seu limite extremo pode chegar à morte, como por exemplo no caso de Jaufré Raudel.
Estas cantigas podem dividir-se em Cantigas de meestria”, a mais difícil de todas, Cantigas de Tense ou Tensão (diálogo entre dois cavaleiros em tom de desafio), e Cantigas de Plang (cantiga de amor repleta de lamentos).
A veia satírica desta poesia deu origem às cantigas de escárnio e maldizer, que por vezes podiam ser bastante desagradáveis.

Fontes: Wikipedia.org.
Vol. 20, Enciclopédia do Jornal “Público”.
Grinberg, Carl – História Universal, vol.6


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