quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os Reis Magos

O encontro dos Reis Magos, por Pol de Limburg , princípios do sec. XV.
Página de um dos livros do duque de Berry.

A 6 de Janeiro de 353 d.C., celebrava-se pela última vez a festa conjunta do Natal e dos Reis. Calculando que seriam necessários alguns dias para que os Reis Magos pudessem chegar junto do Menino, transferiram então a festa do Natal para 25 de Dezembro (dia da adoração ao Sol), ficando o dia 6 para homenagear os Reis Magos, não especificando porém o seu número, uma vez que no Evangelho de S. Mateus, não havia nenhuma referência nem a números nem a raças. Apenas falava em Magos vindos do Oriente, que tinham oferecido ouro, incenso e mirra. O ouro era um símbolo da realeza, o incenso, o da divindade e espiritualidade, e a mirra, usada nos embalsamentos, o da mortalidade.
Na época das catacumbas figuravam dois a quatro reis, mas na Síria chegaram a ser pintados 12, por este ser o número dos apóstolos e das tribos de Israel. Com o passar do tempo, e a partir dos escritos de Cesário, Bispo de Arles, no sec. VI, o seu número foi fixado em 3, provavelmente porque apenas houve 3 presentes (ouro, incenso e mirra), só se conheciam três continentes na altura (Europa, Ásia e África) esse era também o número da Santíssima Trindade, e só havia 3 idades para o homem (Juventude, maturidade e velhice). Reconhecidos como reis, foram-lhes dados os nomes de Melchior (também chamado de Belchior), Gaspar e Baltasar.
S. Beda, o Venerável (673-735), monge inglês e doutor da Igreja descreve-os assim: “Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, Gaspar era moço de vinte anos, robusto, e Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos”.
Vinham da Pérsia e Arábia, sendo Melchior o representante da raça europeia, descendente de Jafé, Gaspar, o da raça amarela, descendente de Sem, e Baltasar o da raça africana, descendente de Cam, os três filhos de Noé, que de acordo com o Antigo Testamento deram origem às 3 raças que povoavam o mundo conhecido de então.
Celebra-se também neste dia a Epifania de Jesus, ou seja, a revelação de Jesus Menino ao Mundo, como o Messias, através do reconhecimento e adoração dos Reis Magos, representando estes todos os reis da Terra. Embora nunca tivessem sido declarados santos pela Igreja, o certo é que desde o princípio o culto popular lhes concedeu a santidade, sendo venerados como tal.
Segundo uma lenda medieval, os Magos reencontraram-se novamente na Turquia, 50 anos depois do nascimento de Jesus, onde faleceram. Os seus restos mortais foram encontrados por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, sendo transladados para Constantinopla onde permaneceram até 474 d.C. Santo Eustorgio, bispo de Milão, consegue levar as suas urnas para Itália, onde ficam na igreja que tem o seu nome, até que em meados do sec. XII, o imperador Francisco Barba Roxa invade Milão, e apoderando-se das relíquias dos reis Magos, manda-as transportar para Colónia, em 1164, onde ainda hoje se encontram dentro de um relicário de ouro e pedras preciosas, em forma de igreja, na Catedral da cidade. É uma obra de fins do sec. XII feita por Nicolas de Verdun.


Diz-se que quando foram transportadas para Colónia, uma das vacas que puxava o carro foi morta por um lobo. Invocado o auxílio de Santo Eustorgio, logo a fera amansou, colocando-se no lugar do animal morto para que a viagem pudesse continuar.
Com o descobrimento da América, em 1492, que deita por terra a teoria da divisão do mundo em apenas três partes, levanta-se novamente a questão do número dos Reis Magos. Havia agora quatro continentes, mas se fosse acrescentado outro Rei, a autenticidade das três urnas existentes na catedral de Colónia, seria posta em causa.
Dentro do ciclo natalício o tema da Adoração dos Reis Magos é um dos mais aproveitados pelos artistas. Nas primeiras representações conhecidas não havia distinção de raças ou idades, e Melchior aparecia prosternado diante do Menino, à maneira oriental, mas no Ocidente, esta posição foi mais tarde substituída pela genuflexão feudal. Também Jesus, que no tema do Nascimento é apresentado deitado nas palhas, nesta celebração aparece já como uma criança pequena, ao colo de Sua Mãe.
Vasco Fernandes, o grande pintor português quinhentista, mais conhecido por Grão Vasco, pintou um belíssimo quadro sobre este tema que se encontra no Museu do mesmo nome, na cidade de Viseu, onde Baltasar aparece como um índio brasileiro, com um cocar de penas na cabeça, uma lança emplumada, mas vestido à europeia, numa alusão ao descobrimento do Brasil, e à evangelização feita pelos nossos missionários em terras de Vera Cruz.

Em Portugal, ao contrário de outros países, o dia de Reis não é feriado e celebra-se no 1º domingo a seguir ao dia de Ano Novo, seja dia 6 ou não. A Igreja Ortodoxa do Oriente, contudo, continua a celebrar o Nascimento de Jesus neste dia.
O hábito da troca de presentes no dia 6, em vez de ser no Natal, é seguido por vários países como a Espanha, e a Itália, onde as crianças deixam o sapatinho na noite de 5 de Janeiro, com umas ervas para os camelos. No dia seguinte, as ervas desapareceram e em seu lugar estão os presentes. Na Itália, a esta festa chama-se Befana, uma bruxa boa que montada na sua vassoura distribui as prendas.
E assim, um pouco por toda a parte, o encanto da visita dos Reis Magos ao Menino continua a preencher o imaginário de adultos e crianças…


Fontes: wikipedia.org.
Revista Historia Y Vida
História da Arte, edições Alfa

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