quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os Bárbaros - I


Por” Invasões bárbaras” designamos geralmente as enormes migrações de povos ou tribos que, vindas do Norte e Leste da Europa conseguiram introduzir-se no Império Romano.
O termo “bárbaro” foi inventado pelos gregos, que consideravam assim todo aquele que não fosse nascido na Grécia e não falasse a sua língua, portanto, estrangeiro, fossem eles persas, romanos, ou quaisquer outros…
Quando os romanos conquistaram e submeteram o povo grego, absorvendo a sua cultura, esse conceito passou a designar e com sentido pejorativo, todos aqueles que viviam para além das fronteiras do seu Império.
Por isso, todas as tribos que tentavam transpor as fronteiras europeias do seu civilizado mundo romano, eram vistas como selvagens e incultas, recebendo aquela designação. Para as diferenciar de outros bárbaros que Roma já conhecia, como por exemplo, os Celtas, e como não tinham a mesma origem destes, apresentando usos e costumes muito diferentes, apelidaram-nos a todos de Germânicos.
Vindos do mais profundo dos bosques do norte, encobertos por uma bruma ancestral, tendo como origem remota as inóspitas regiões da Escandinávia, que os romanos pensavam ser uma ilha - Scania - estes homens de estatura elevada, cabelos claros e olhos azuis, a um tempo guerreiros magníficos e camponeses pacíficos, lutando com a espada numa mão e o arado na outra, e pensando apenas na sua sobrevivência depois de séculos de guerra e migrações sucessivas, acabam por se estabelecer por volta de 370 no delta do rio Danúbio. Eram ainda uma série de pequenas tribos, que se guerreavam entre si e que não imaginavam que, um dia, viriam a converter-se num único povo.
Divididos mais tarde em Germânicos Ocidentais, Orientais e Setentrionais, acabam por formar dois grupos independentes: os Visigodos ou Godos do Ocidente e Ostrogodos, ou Godos do Oriente. Os Ostrogodos, fundaram um extenso reino no que é hoje parte da actual Rússia e os Visigodos estabelecem-se nas margens do Danúbio, onde também se encontravam os baltingos, chefiados pelo rei ou chefe Baltha.
Entretanto, os Hunos, que se tinham estabelecido ao longo da Grande Muralha da China, escorraçados do seu território, e compostos por hordas selvagens que semeavam o terror por onde passavam, fazem a sua aparição nas margens do Mar Negro, levando de vencida os Ostrogodos, que, embora lutassem desesperadamente, não conseguiram resistir-lhes, sendo os sobreviventes obrigados a seguir para Ocidente. Por sua vez, os Visigodos, incapazes de conter a avalanche que lhes caiu em cima, pediram ao imperador Valente, asilo, o que lhes foi concedido, e em 376, atravessam o Danúbio, instalando-se em território romano.
Esta inédita permissão imperial, foi de extrema importância para os acontecimentos que daí resultaram. Era a primeira vez que povos bárbaros tinham permissão para se instalarem dentro das fronteiras do império, como nação autónoma, mantendo as suas próprias leis e os seus príncipes, embora sujeitos a tributo.
Foi pena que mais tarde, o Império Romano do Ocidente tivesse sido incapaz de assimilar os Godos. Teria provavelmente assegurado a sua sobrevivência…

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