domingo, 31 de julho de 2011

Vincen Van Gogh – II


Em Paris divide um apartamento com o seu irmão Theo que o apresenta aos mestres do impressionismo, como Monet, Renoir, Seurat e outros pintores com quem aprende a usar os tons claros, abandonando a sua temática sombria. Conhece também Toulouse-Lautrec, que, alcoólatra inveterado o introduz à bebida da moda, o absinto, também conhecido por “fada verde” devido à sua cor, possuindo uma elevada taxa de graduação (68%), e que (dependendo da quantidade), produzia alucinações, surtos psicóticos, e inclusive a morte.
Descobre a pintura japonesa, então na moda, que o apaixona, e torna-se amigo de Paul Gaugin. Com este e mais alguns dos seus amigos que como ele viviam e pintavam em Montmartre, forma um grupo que ironicamente intitula de “Peintres du Petit Boulevard”, e pinta vários quadros na técnica do pontilismo.
As relações com o seu irmão tornam-se bastantes tensas devido ao seu carácter difícil, e Toulouse-Lautrec aconselha-o a ir para a Provença, cujas terras soalheiras e cheias de cor ele achava que fariam bem ao temperamento de Van Gogh. E assim, em Fevereiro de 1887, fixa-se em Arles, onde tudo o deslumbra. Em quinze meses pinta duzentos quadros, dos quais grande parte deles são hoje considerados as suas obras-primas, como a série de telas com “Girassóis” talvez os mais conhecidos, pelo amarelo vibrante das suas cores. Adquiriu também um gosto persistente pelo pormenor expressivo, isto é, pelo expressionismo, estilo que não se nutre apenas das aparências visíveis, mas procura também transmitir o conteúdo afectivo da percepção. Nesse mesmo ano, em Paris, no “Salon des Artistes Indépendants” são expostos três quadros seus.
Sonha em instalar em Arles uma comunidade de artistas, e aluga para isso, metade de uma casa, conhecida como “A Casa Amarela” que ele retrata numa das suas obras. Enquanto não chegam, pinta frequentemente à noite, ao ar livre, mas depois de muitas insistências, apenas Paul Gauguin, em Outubro, responde ao seu convite.
Ao princípio, tudo corre bem entre os dois amigos, mas passados dois meses, as discussões começam a ser frequentes entre eles e Van Gogh começa a apresentar sinais de perturbação. Segundo conta Gauguin, quando na noite de 23 de Dezembro de 1888, saiu para dar um passeio, Vincent seguiu-o levando na mão uma navalha aberta. Assustado, Paul Gauguin foi dormir para um hotel e Vincent nessa noite sofre um ataque de alienação mental. Corta parte da orelha esquerda, limpa-a, e metendo-a num envelope vai levá-la a uma prostituta, dizendo-lhe: “Tome lá isto, é uma recordação minha”. Depois volta para casa e deita-se como se nada tivesse acontecido. A polícia encontra-o inanimado na cama e leva-o para o hospital, ao passo que Gauguin segue nesse dia para Paris sem sequer ir visitar o amigo.
Vincent fica 14 dias no hospital, e de volta ao atelier, pinta “Auto-retrato com a orelha cortada”. O lado direito da cabeça está coberto com uma larga ligadura que acrescenta mais seriedade ao seu olhar fixo e triste. O pesado capote que enverga protege-o do ambiente hostil que o rodeia.
O estilo de pintura acompanhou a mudança psicológica e Van Gogh trocou o pontilhado por pequenas pinceladas.
Mas as alucinações e as insónias voltam e o pintor começa a desenvolver uma paranóia de que o querem envenenar. Alguns cidadãos de Arles, preocupados, fazem uma petição para que ele seja novamente internado, e Van Gogh, aos 36 anos recolhe-se voluntariamente ao asilo psiquiátrico de Saint-Paul-de-Mausole, perto de Arles.
“Sofrer sem se queixar é a única lição que nesta vida se deve aprender”, escreve ele nesta altura ao seu irmão Theo.


Sem comentários:

Enviar um comentário