segunda-feira, 30 de maio de 2011

A. Feijó - Poema

O Amor e o Tempo

Pela montanha alcantilada,
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante,
E o Tempo acelerava o passo.

- “Amor! Amor! Mais devagar!
Não corras assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!”

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados
Abrem as asas trémulas ao vento…
- “Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?” – Nesse momento,

Volta-se o Amor e diz com azedume:
- “Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo…Adeus! Adeus!”.

António Feijó – Ilha dos Amores

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ingeborg da Dinamarca

Página do saltério de Ingeborg da Dinamarca de c.1200, Chantilly, Museu Condé

Ingeborg, também chamada de Ingerburga ou Isambur, era filha de Valdemar, O Grande, da Dinamarca, e da sua esposa Sofia de Minsk. Irmã do rei Canuto VI e de Valdemar II, nasceu cerca de 1175 e a 15 de Agosto de 1193 casa com um dos reis mais poderosos da Idade Média, Filipe II, de França, de 28 anos de idade, cognominado “A Dádiva de Deus” e mais tarde de “Augusto”.
Já viúvo de Isabel de Hainaut, Felipe Augusto tinha apenas um filho varão, o futuro Luís VIII, que na altura contava apenas três anos de idade e era de saúde débil. O rei necessitava portanto de um novo casamento que lhe desse mais herdeiros para assegurar a sucessão, e por razões políticas escolhe Ingeborg, pensando que numa possível invasão à Inglaterra poderia contar com o precioso auxílio da frota dos antigos vikingues.
Os cronistas gabam a beleza desta princesa que trouxe como dote 10.000 marcos de prata, e o bispo Estevão de Tournai descreveu-a como” muito gentil, jovem na idade, mas anciã na sabedoria”.
Casam em Amiens, mas após a noite de núpcias o rei tomou por ela tal aversão, que adiando a coroação da rainha, a encerra no mosteiro de Saint-Maur-des-Fossés, repudiando-a e anunciando que queria anular o matrimónio. As razões de tal aversão e repúdio até hoje não estão totalmente esclarecidas, mas tudo aponta para uma trágica incompatibilidade física. Encarregou depois alguns dos seus confidentes de elaboraram uma árvore genealógica em que se provasse que ela ainda seria parenta em quarto grau da sua 1ª mulher, e sem que a rainha fosse sequer ouvida, uma Assembleia dos Notáveis, constituída por bispos e nobres, obedecendo às ordens do monarca, declarou o casamento nulo em Compiégne, a 5 de Novembro de1193.
A rainha não aceita a decisão e apela para Roma. Celestino III tenta ajudá-la e o bispo Guilherme de Paris intervém apresentando uma genealogia dos reis da Dinamarca, provando que o obstáculo da consanguinidade não existia. Filipe Augusto pede ao Papa a anulação do casamento com base na não consumação do mesmo, mas Ingeborg afirma o contrário dizendo-se esposa do rei e rainha por direito.
Em 1196 o monarca francês casa com Inês de Meran, filha do duque da Merânia, Berthold IV, que lhe dará três filhos. Em 1198, sobe ao trono o Papa Inocêncio III, um dos pontífices mais enérgicos da história da Igreja, que pretendendo impor a sua vontade, não reconhece a validade do terceiro casamento do rei e exorta-o a reconduzir Ingeborg, presa entretanto na Torre de Guinette, no castelo de Étampes, à dignidade de rainha. Como o rei não obedecesse, o Papa lança o interdito sobre o reino de França, como castigo dos pecados do rei, em 1200.
O interdito implicava, entre outras medidas, o encerramento das igrejas, a proibição de celebrar missas pelos mortos e de lhes dar sepultura cristã. Não se podiam também realizar casamentos e baptizados.
Contrariado, ao fim de alguns meses, o rei cedeu, afastando Inês, que estava grávida, para o Castelo de Poissy, simulando uma aproximação a Ingeborg, sem no entanto reatar as relações conjugais. Após o levantamento do interdito, ao fim de sete meses, manda novamente encerrá-la na fortaleza e retoma a vida conjugal com Inês, continuando a tratar da anulação do casamento.
Da prisão, a infeliz rainha escreve numa carta ao Papa “ Todos os dias bebo o cálice da amargura. Ajudai-me para que não pereça – não no corpo, mas na alma – porque a morte corporal seria bem-vinda, mísera que sou”. Suplica que não a considerem adúltera por se ver obrigada a ceder – mulher sem defesa – às ameaças ou violências dos seus carcereiros. A entrega dos alimentos era escassa e irregular, e não lhe eram permitidas visitas.
Em 1201, seis meses depois de dar à luz o filho que esperava, Inês de Meran morre. Foi provavelmente a única mulher que Felipe Augusto amou realmente! Em 1207, Ingeborg é forçada pelo marido a professar num convento, mas o Papa não o permite. O rei tenta casar novamente, mas como não obtém apoios, desiste, e finalmente resignado, na Primavera de 1213, durante o casamento de sua filha, em Soissons, espanta toda a gente ao anunciar que retomaria a vida em comum com Ingeborg, de quem está separado há vinte anos. Ou porque reconhecesse que devido aos princípios religiosos da rainha nunca a levaria a fazer concessões, ou porque mantivesse a ideia de atacar a Inglaterra e necessitasse para isso da ajuda dos dinamarqueses, o que é certo é que finalmente a infeliz rainha viu abertas as portas da prisão ao fim de tantos anos de cativeiro e sofrimento… No entanto, a vida conjugal nunca foi retomada!
Retirada em Orleães, recebeu o título de Rainha de Orleães, dado pelos seus contemporâneos, que não sabiam que título lhe atribuir. Após a morte do marido em 1223, retirou-se para o priorado de Saint-Jean-de l’Ile que fundara próximo de Corbeil, onde passa o resto da sua vida e onde foi sepultada.
Morre aos 60 anos, em 29 de Julho de 1236, e nem a sua última vontade é respeitada…No seu testamento pede para ser sepultada na basílica de Saint-Denis, panteão dos reis de França, o que lhe é negado por Luís IX, neto de Filipe Augusto, tanto por respeito pela vontade do seu avô, como pelo facto de nunca ter sido sagrada rainha…
E no entanto, poucas terão sofrido tanto tempo, com tanta persistência e fidelidade!

Fontes: pt.wikipedia.org
Grinberg, Carl – História Universal








domingo, 22 de maio de 2011

Malfadados Amores


No parque que fica à retaguarda do que é hoje denominado por Templo da Kun Iâm, a Deusa da Misericórdia, em Macau, existem duas árvores com os troncos estranhamente enlaçados um no outro, atraindo a curiosidade dos visitantes.
Conta a lenda, que, ainda antes de o templo ser edificado, aquele sítio era um povoado chamado Móng Há, habitado por agricultores. Ora, vivia aí um lavrador, que embora não fosse rico, tinha mais bens que os outros, sendo respeitado por todos, por ser uma pessoa ponderada e cordial vivendo com moderação. Chamavam-lhe Lou Uóng (velho Uóng) e era pai de uma bonita rapariga chamada A Kâm, que estava em idade de casar. Embora tivesse vários pretendentes, Lou Uóng tinha-os recusado a todos, egoisticamente, porque se a deixasse ir embora, não teria ninguém que o ajudasse no trabalho da lavoura.
Ora acontece, que pai e filha eram ajudados nos trabalhos da monda por dois moços da lavoura, um dos quais, A Heng, era um moço simpático, muito alegre e bastante trabalhador. Sempre que podia, ajudava A Kâm aliviando-a do trabalho mais pesado, e a simpatia recíproca depressa se transformou em amor…
Ao sentir-se grávida, A Kâm muito a medo, revelou ao pai o seu estado, pedindo-lhe que a deixasse casar com A Heng. Furioso, Lou Uóng mandou chamar o rapaz, insultou-o e declarou que nunca lhe daria a filha em casamento por ele ser alguém sem eira nem beira. O melhor que ele tinha a fazer era pôr termo à vida, para não ter de ser sempre um miserável e desprezível trabalhador.
A Heng amava sinceramente a filha do lavrador e vendo que nunca a conseguiria, procurou-a para lhe dizer que tencionava suicidar-se, pois preferia morrer a ter de desistir dela. A Kâm, que também o amava, disse-lhe que o acompanharia na morte, pois talvez noutro mundo conseguissem alcançar a felicidade que aqui lhes era negada.
Assim, quando o Sol se pôs na colina findando o dia de trabalho, os dois amantes dirigiram-se para as traseiras da capela da Kun Iâm e depois de se abraçarem, enforcaram-se nos ramos de duas árvores que cresciam isoladas naquele local.
Os espíritos dos dois suicidas nunca mais se aquietaram e a partir da meia-noite, os seus vultos viam-se a passear abraçados, soltando lamentos tão aflitivos, que os moradores não conseguiam dormir…e para espanto de todos, as duas árvores onde eles se enforcaram, cresceram com grande pujança, mas com os seus troncos abraçados um ao outro como se dois seres se tratassem envolvidos em forte amplexo, e com o aspecto estranho que mantêm até hoje!
Mais tarde, quando foram ali construídas várias capelas, o superior do mosteiro, ouvindo a história daqueles amores, celebrou diversas cerimónias para libertar aquelas almas atormentadas. Só assim é que os moradores de Móng Há puderam voltar a dormir descansados e os dois vultos nunca mais foram vistos, nem ouvidos…

Lenda contada por Luís Gonzaga Gomes no seu livro – Macau Factos e Lendas.
Imagem: infoescola.com

quarta-feira, 18 de maio de 2011

“A Sagração da Primavera"


Também chamada de “Alegoria da Primavera”, esta obra de Sandro Botticelli trabalhada em têmpera sobre madeira, mede 203cm x 314cm e faz parte do acervo da Galeria Uffizi, em Florença.
Considerado como um dos quadros mais populares da arte ocidental e talvez um dos mais controversos, pensa-se que terá sido encomendado por Lorenzo di Pierofrancesco de Medici, para figurar numa sala adjacente à câmara nupcial da sua casa em Florença.
Nesta tela, Flora, a deusa da Primavera, mostra o jardim de Vénus, a deusa do amor. Mercúrio, o mensageiro dos deuses (filho da deusa Maia, que deu origem ao nome do mês de Maio, o mês em que Pierfrancesco se casou), e que se reconhece pelas suas botas aladas, afasta com o seu caduceu as nuvens para que nada possa ensombrar o jardim da deusa, onde deverá reinar uma paz eterna. Como guardião do bosque, traz uma espada embainhada, mas pronta para ser usada, pois a sua mão encontra-se muito perto do punho do sabre. O seu caduceu, símbolo dos médicos, é uma alegoria ao próprio nome Medici, que significa médico. Diz-se que o modelo foi o próprio Pierfrancesco, ou então Giuliano de Medici.
O grupo das três bailarinas junto do deus representam as três Graças, Aglaia (a claridade), Eufrosina (a alegria) e Tália (a que faz brotar as flores), o nome latino das Cárites gregas, deusas da dança, também associadas à fertilidade e à alegria do amor. Consideradas companheiras de Vénus, personificavam na altura do Renascimento, o ideal da beleza feminina dessa época. As duas dançarinas de frente para a tela usam jóias com as cores dos Médici.
Ao centro da tela, um pouco atrás, está Vénus, a soberana do bosque, presidindo à cena, com a mão direita erguida como uma bênção. Usa o toucado característico de uma florentina casada, apresentando-se aqui como a Vénus Pandemos, encarnando o “amor humano”. Á sua volta, as laranjeiras, símbolo de fertilidade, formam um arco quebrado com a forma de dois olhos. Os seus frutos, redondos e doirados, lembram os anéis do brasão dos Médici.
O modelo foi, em princípio, Simonetta Vespucci, considerada a mais bela mulher de Florença, e mais tarde, de todo o Renascimento, embora quando o quadro foi terminado em 1482, ela já tivesse falecido em 1476, de tuberculose pulmonar, com apenas 22 anos. Quando em 1510 Botticelli faleceu, pediu para ser sepultado aos seus pés.
Voando junto às árvores, está Eros, usando a tradicional venda nos olhos (o Amor é cego), que aponta uma seta a arder com as chamas do amor, para uma das três Graças, a do centro, que segundo alguns autores, é a própria noiva de Pierfrancesco, Semiramide d’Appiano, com quem casou em 1482. Despreocupada, esta vira-lhe as costas, fitando Mercúrio que ocupado em afastar as nuvens, nem sequer repara nela.
Equilibrando a composição, está Flora, a deusa das Flores, Rainha da Primavera e portadora da vida eterna. Atravessa em bicos de pés o prado florido, espalhando rosas à sua volta. O seu vestido está decorado com flores salientes a imitar tecido. As duas personagens junto dela, uma ninfa apavorada com flores a saírem-lhe da boca, perseguida por um ser alado de cor azulada, são Zéfiro e Clóris, ou seja, a representação de Flora antes de ser deusa.
Botticelli passa para a tela o conto de Ovídio sobre a Primavera, representando a deusa em dois momentos distintos da sua existência, daí a diferença das vestes das duas mulheres. Clóris era uma ninfa por quem Zéfiro, o Vento Oeste, se apaixonou violentamente. Na pintura, ele é a figura alada de cor azul, dobrando as árvores com o seu sopro, ao tentar agarrá-la. A ninfa, representa aqui o principio da primavera, pois ao exclamar fugindo: “Eu era Clóris, a quem chamam Flora” deixa sair flores da sua boca. Zéfiro, depois de a raptar, casa com ela e arrependido dos seus modos brutais, transforma-a em Flora, a deusa das flores e da Primavera.
Nesta tela, estão retratadas cerca de 500 plantas identificadas, com cerca de 190 flores diferentes, possivelmente também uma homenagem a Florença, a cidade das mil flores.
Para esta pintura, Botticelli inspirou-se na descrição do poeta Ovídio sobre a chegada da Primavera, embora alguns detalhes possam ser derivados de um poema de Poliziano. Outra fonte parece ter sido Lucrécio, no poema “Natura Rerum De”. Seja como for, a pintura foi inventariada na colecção de Lorenzo di Pierfrancesco de Medici, em 1499. Em 1919 foi para a Galeria Uffizi, em Florença, mas durante a Segunda Guerra Mundial, transferiram-na para o Castelo de Montegufoni, como protecção para os bombardeamentos. Foi depois devolvida à galeria, onde permanece até hoje, tendo sofrido uma obra de restauro em 1982.

Fontes: pt.wikipedia.org
As Grandes Civilizações – A Europa do Renascimento, Selecções Reader’s Digest
Cumming, Robert – Comentar a Arte

sábado, 14 de maio de 2011

Canto de Espanha


Granada dos altos cumes…

Boabdil chora de mágoa,
Boabdil chora de pena,
Tem os olhos rasos de água…

Granada, rubi de Espanha!

E os seus olhos vão chorando,
E os seus olhos são dois lumes,
Doidas saudades lembrando…

Granada, a dos mil jardins…

Sonha em seu reino perdido,
Sonha, na pena tamanha,
De todo o mundo esquecido!

Granada, a dos azulejos…

Oh sonhos das tardes quentes
Onde gritam os Jasmins
E os lábios doces e ardentes…

Granada, rainha moura!

Oh pátios de águas cantantes…
Oh doido vibrar dos beijos…
Oh caravanas distantes…

Granada, reino perdido…

Em doridos sobressaltos,
Nos cumes que o Sol mal doira,
Vê, nos minaretes altos,

Granada, a dominadora!

Ai – Boabdil, Boabdil!
Vai nos longes de Alpujarra,
Rever no céu cor de mel,
Cantar na tua guitarra
Esse reino, que foi teu.

Já no céu brilham mil lumes
E o luar adormeceu…

Granada, a dos mil perfumes!

Albertina Saguer

Fonte: Almanaque Bertrand, 1952

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Porque os Leopardos têm pintas


O Leopardo era muito amigo do Fogo visitando-o todos os dias, embora este nunca fosse a sua casa. Estas visitas sucederam-se durante tanto tempo, que a mulher do Leopardo zangando-se com o marido, disse-lhe que o amigo nunca retribuía as visitas porque sabia que eles eram pobres e portanto não lhe interessava ir a casa deles.
E de cada vez que o marido saía de casa, ela dizia-lhe sempre a mesma coisa. Isto sucedeu-se também tantas vezes, que o pobre do Leopardo, já cansado das discussões com a mulher, pediu ao Fogo que lhe retribuísse a visita.
Ao princípio, o Fogo tentou escusar-se, dizendo que nunca ia a casa de ninguém porque não podia andar. Mas quando o amigo lhe perguntou se era porque eles eram pobres e lhe contou as discussões que, por causa disso, tinha com a mulher, insistindo muito na visita, o Fogo acabou por concordar, com uma condição: para ele poder chegar a casa do Leopardo, era necessário haver uma estrada de folhas secas que fosse desde a sua casa até à do amigo.
Muito contente, o Leopardo contou depois a conversa à mulher, que logo se pôs a apanhar folhas secas para fazerem o caminho.
Quando a passagem ficou terminada, o Leopardo combinou com o amigo a visita à sua casa no dia seguinte.
Estavam marido e mulher à espera do visitante quando sentiram um vento forte acompanhado de um ruído de coisas a estalar no exterior. Correram a ver o que se passava e viram o Fogo à sua porta. Este estendeu os dedos em chamas para cumprimentar o Leopardo, mas este e a mulher conseguiram fugir saltando por uma janela.
A casa ficou toda queimada e desde então, os Leopardos têm manchas pretas como lembrança dos sítios onde os dedos do Fogo tocaram no seu antepassado, fugindo assim que o sentem ao longe.

domingo, 8 de maio de 2011

Um Conto taoista

O Domar da Harpa

Havia em tempos idos, na Ravina de Lungmen, uma árvore kiri (Pandownia), verdadeira rainha da floresta. Erguia a cabeça para conversar com as estrelas, as suas raízes desciam fundas no solo, emaranhando-se nas do dragão prateado que dormia por baixo. E aconteceu que um mago poderoso fez desta árvore uma harpa maravilhosa, cujo espírito obstinado havia de ser domado apenas pelo maior dos músicos. Durante muito tempo o instrumento foi estimado pelo imperador da China, mas foram vãos todos os esforços dos que à vez tentaram extrair melodias daquelas cordas. Em resposta às suas melhores tentativas soltavam-se da harpa apenas notas roufenhas de desprezo, em desarmonia com as canções que eles gostariam de cantar.

A harpa recusava-se a reconhecer um mestre.
Por fim, chegou Peiwoh, o príncipe dos harpistas. Com mão meiga acariciou a harpa, como quem tentasse acalmar um cavalo obstinado, e tocou suavemente as suas cordas. Cantou a natureza e as estações, montanhas altaneiras e águas correntes, e todas as memórias da árvore despertaram! O doce sopro da primavera tornou a brincar entre os seus ramos. A s jovens cataratas dançando pela ravina, riram-se para as flores em botão. Seguidamente, escutaram-se as vozes sonhadoras do verão, com a sua miríade de insectos, o gentil tamborilar da chuva, o grito do cuco.

Escutai! Ruge um tigre – o vale volta a responder. É Outono; na noite deserta, afiada como uma espada, brilha a lua sobre a erva molhada de geada. Agora reina o inverno, e pelo ar cheio de neve redemoinham flocos de cisnes, e pedras de granizo ruidosas fustigam os troncos numa delícia feroz.
Então Peiwoh mudou de tom e cantou o amor. A floresta balançou como um mancebo ardente embrenhado em pensamentos. Lá no alto, qual donzela altiva, correu uma nuvem reluzente e linda; passageiras apenas, longas sombras rastejaram pelo solo, negras como o desespero.
De novo o tom mudou; Peiwoh cantou a guerra, o embater do aço e os corcéis em tropel. E na harpa cresceu a tempestade de Lungmen, o dragão cavalgando o corisco, a avalanche tempestuosa embatendo pelos montes.
Em êxtase, o monarca celeste questionou Peiwoh pelo segredo desta vitória.
“Senhor” replicou ele, “os outros falharam por que apenas se cantaram a si próprios. Eu deixei que a harpa escolhesse o seu tema, e não soube verdadeiramente se a harpa era Peiwoh, ou se Peiwoh foi a harpa”.

Okakura, Kakuzo – O Livro do chá



quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Desacato de Santa Engrácia


A Maldição de Simon Solis

O Desacato de Santa Engrácia encontra fundamento nos relatos históricos da paróquia de Santa Engrácia, em cujos anais ficou registado um incidente ocorrido na noite de 15 de Janeiro do ano de 1630.
“Lisboa preparava-se em grandes festejos para celebrar o nascimento do príncipe herdeiro que receberia o nome de Baltazar Carlos e que era filho de Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Foi nesse ambiente que se propagava a notícia do roubo das relíquias da igreja de Santa Engrácia, que ficava perto do Convento de Santa Clara.
Incrível a comoção que causou este atroz sacrilégio, lançando-se logo pregões que nenhuma pessoa, sem nova ordem, saísse de sua casa e sem dilação decorreram por toda a cidade os ministros da justiça inquirindo com exactas diligências, que pessoas haviam saído fora na noite precedente e em que haviam estado. Achou-se que um homem ordinário, chamado Simão Pires Solis, havia estado fora e sendo perguntado onde, não respondeu a propósito, antes com grande turbação; ajuntaram-se outros indícios que caíram sobre ser homem turbulento e cristão-novo e por eles foi condenado a ser queimado vivo, cortando-lhe primeiro as mãos. A muitos pareceu acelerada e rigorosa esta sentença visto que não havia prova concludente, nem confissão do reo, mas, todavia, se executou na forma sobredita.”
Simão Solis nunca confessou o crime de que o acusavam, embora tivesse sido com toda a certeza, sujeito a tratos durante o interrogatório; antes proclamou sempre a sua inocência, sem no entanto revelar o que tinha feito naquela noite.
Soube-se depois, que Simão nessa noite rondava o Convento de Santa Clara para namorar uma religiosa chamada Violante, encerrada no convento pelo pai fidalgo, que não aceitava aquele amor. Para a não comprometer, o seu enamorado preferiu aceitar uma morte horrível.
Efectivamente, a 3 de Fevereiro de 1631, Simão foi conduzido em procissão ao Campo de Santa Clara, onde no próprio lugar do crime lhe foram decepadas ambas as mãos, sendo depois queimado vivo.
Como quem conta um conto, acrescenta um ponto, logo a imaginação popular fortemente emocionada tanto pelo roubo como pela execução, passou a misturar ficção e realidade, e assim diz-se que a caminho do suplício, o jovem Simão gritou: “Tão certo é eu estar inocente que as obras de Santa Engrácia nunca mais terminarão”.
Anos mais tarde, a freira Violante foi chamada a assistir aos últimos momentos de um ladrão que tinha pedido a sua presença. Revelou-lhe que tinha sido ele a roubar as relíquias e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha incriminado Simão. Pedia-lhe pois que o perdoasse para poder morrer em paz.
Por maldição ou por uma série de azares, o Panteão de Santa Engrácia demorou cerca de 334 anos para ser concluído…

terça-feira, 3 de maio de 2011

Panteão de Santa Engrácia – II


Em Agosto de 1682, o príncipe regente D. Pedro, futuro D. Pedro II, lança a primeira pedra de uma nova igreja para ser edificada de raiz, com projecto da autoria do mestre pedreiro João Antunes, um dos grandes mestres do barroco português de Setecentos, que dirige as obras, até à sua morte em 1712.
O risco de João Antunes tira partido da desafogada situação paisagística do sítio, a meio da encosta defronte do Tejo, e constitui a primeira obra do barroco em Portugal. A planta é de um círculo inscrito num quadrado, ou seja, um círculo com quatro torres angulares quadradas, O seu interior em cruz grega com quatro braços de igual comprimento, terminados em semicírculos é banhado em luz, graças às janelas na base da cúpula e à clarabóia que iluminam os embutidos de mármore colorido que revestem paredes, capelas e o chão. A amplidão do espaço é valorizada pelos efeitos contrastantes do claro / escuro barroco. Embora nunca chegasse a abrir ao culto, conserva, sob a cúpula moderna, o espaço majestoso da nave, exibindo ainda um bonito órgão de tubos vindo da Sé Patriarcal e onde se pode apreciar a sumptuosidade joanina da sua talha dourada
A entrada faz-se através de um pórtico situado na fachada principal concebido pelo escultor barroco Claude Laprade e o exterior é marcado pela ondulação dos alçados com curvas e contracurvas e alternância de frontões que acentua o dinamismo exterior da massa arquitectónica. Decoram o edifício colunas de ordem dórica, jónica e compósita.
No reinado de D. João V, com o rei completamente ocupado com a construção do Convento de Mafra, as obras ficam praticamente paradas e a Confraria decide cobrir a igreja com uma cúpula de madeira que aí se manteve até ao sec. XX.
Com todas estas demoras, a imagem de Santa Engrácia foi levada para a Igreja do Paraíso, onde se celebrava o seu culto.
O terramoto de 1755 reduz a ruínas a Igreja do Paraíso e danifica também a de Santa Engrácia. Com toda uma cidade para reconstruir, estas obras ficam esquecidas, e o culto à Santa passa para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Porciúncula, na Calçada dos Barbadinhos, onde ainda hoje se celebra e que por isso também é conhecida como a Igreja de Santa Engrácia.
Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834, a Igreja é entregue ao Exército, que a utiliza como quartel, depósito de material de guerra e fábrica de calçado e fecha a cúpula com uma tampa de ferro.
Com a queda da monarquia e implantação da Republica era necessário um panteão para albergar os túmulos dos Chefes de Estado, e o Governo lembrou-se de Santa Engrácia. Deram-lhe um arranjo e em 1916 foi declarada Panteão Nacional, por uma lei de 29 de Abril.
Já com o Estado Novo, Duarte Pacheco, o então Ministro das Obras Públicas resolve pôr termo à maldição, e em 1956 são aprovadas as novas obras de restauração, que lhe acrescentam uma abóbada com lanternim. De 1962 a 1966 são concluídas com o assentamento da cúpula projectada pelo arquitecto Amoroso Lopes e com a execução das estátuas de Santa Isabel e São Teotónio ladeando Santa Engrácia no pórtico da entrada, e as de Nuno Álvares Pereira, S. João de Brito, S. João de Deus e Santo António no interior do templo, da autoria de António Duarte.
A 7 de Dezembro de 1966 é finalmente inaugurado como Panteão Nacional, para o que aí trabalharam assiduamente 150 operários e técnicos a cargo do arquitecto Vaz Martins, responsável pelas obras, chegando a incorporar-se mais 30 homens para que terminassem no prazo estipulado. Era ponto de honra que fosse inaugurado no mesmo ano da Ponte sobre o Tejo, ex-António de Oliveira Salazar e hoje Ponte 25 de Abril.
Na nave encontram-se os cenotáfios de Luís de Camões, Nuno Álvares Pereira, Afonso de Albuquerque, Vasco da Gama, Infante D. Henrique e Pedro Álvares Cabral.
Os túmulos de João de Deus, Almeida Garrett, Guerra Junqueiro e Aquilino Ribeiro (este com alguma contestação, por estar alegadamente ligado ao regicídio) encontram-se na Sala dos Escritores, os dos Presidentes da República Manuel de Arriaga, Teófilo de Braga, Óscar Carmona, Craveiro Lopes, na Sala dos Presidentes, o do general Humberto Delgado sozinho numa outra sala, e o túmulo do presidente Sidónio Pais no mesmo espaço que fadista Amália Rodrigues (Sala da Língua Portuguesa), a única mulher até hoje a merecer esta honra e para quem a Assembleia da República decidiu encurtar para dois anos o prazo de quatro após a morte, para a transladação.
Com a lenda da maldição de Simão Solis terminarei a história do Panteão Nacional.

Fontes: www.monumentos.pt
www.igespar.pt
wikipedia.pt
Dias, Marina Tavares – Lisboa Misteriosa
Saraiva, José Hermano – Lugares Históricos de Portugal
Imagens: internet

domingo, 1 de maio de 2011

Dia da Mãe


O Dia da Mãe tem a sua origem no princípio do século XX, quando uma jovem norte-americana, Anna Jarvis, perdeu a mãe e entrou em depressão. Comovidas com o seu sofrimento, algumas amigas suas, homenagearam a falecida com uma festa.
Anna, quis, depois, que a homenagem se estendesse a todas as mães dos Estados Unidos. O Dia das Mães, passou a ser comemorado em todo o país a 9 de Maio, data oficializada em 1914, pelo presidente Woodrow Wilson.
Na Grécia antiga, no inicio da Primavera, celebrava-se uma festa em honra da Deusa Rhea, mulher de Cronos, e mãe de todos os deuses desta cultura. Em Roma, tinham lugar festas comemorativas em honra de Cibele, deusa que representava a Mãe-Natureza.
A Igreja Católica, como não pode apagar de todo, estas festividades, incorporou-as nas festas à Virgem Maria, a Mãe de Cristo, e por analogia, a Mãe de todos nós.
No sec. XVII, em Inglaterra, celebrava-se no quarto domingo da Quaresma, um dia chamado “O Domingo da Mãe”. Nesta época, a classe baixa inglesa, trabalhava longe de casa. Assim, no Domingo da Mãe, os “criados” tinham um dia de folga e eram encorajados a regressar a casa para passar o dia com as suas mães.
Em Portugal, até há alguns anos, o Dia da Mãe era comemorado a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, ou seja, o dia de Nossa Senhora, como mãe.
Actualmente, é assinalado no primeiro domingo de Maio que este ano caiu no dia1º de Maio, o dia em que começam as festas das Maias em honra de deusas ligadas à renovação da Naturezas, todas elas também Mães.
Para todas as Mãe deste mundo, um dos poemas preferido da minha, que já partiu …



Minha mãe, minha mãe! mas que saudade imensa,
Do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti.
Caía mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se voando em torno dos seus lares,
Suspensos do beiral do telhado da casa onde eu nasci.
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
Dormia quieto e manso o impávido lebréu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
E a Lua branca, além, por entre as oliveiras,
Como a alma dum justo, ia em triunfo ao Céu!...
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a Lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração,
Pedindo ao Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um alívio a cada sofrimento,
Que mandasse uma estrela a cada escuridão.
Por todos eu orava e por todos pedia.
Pelos mortos no horror da terra negra e fria,
Por todas as paixões e por todas as mágoas…
Pelos míseros que entre os uivos das procelas
Vão em noite sem Lua e num barco sem velas
Errantes através do turbilhão das águas.
O meu coração puro, imaculado e santo
Ia ao trono de Deus pedir, como inda vai,
Para toda a nudez um pano do seu manto,
Para toda a miséria o orvalho do seu pranto
E para todo o crime o seu perdão de Pai!...
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A minha mãe faltou-me era eu pequenino,
Mas da sua piedade o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira
Como junto dum leão um sorriso divino,
Como sobre uma forca um ramo de oliveira!

Guerra Junqueiro, A velhice do Padre Eterno – Aos Simples


Fontes:pt.wikipedia.org
Imagem: Loving embrace, de Keith Mallett
do site comunidade.sol.pt

As Maias


É no primeiro de Maio, que se começam a celebrar as festividades cíclicas conhecidas por “Maias” e que se prolongam durante este mês.
Maio simboliza o triunfo da natureza fecunda sobre o longo Inverno estéril, e os povos antigos, essencialmente agrícolas, honravam com a chegada da primavera, os deuses menores que lhes protegiam as sementeiras, os bosques, o gado, as colheitas, tudo o que era essencial para a sua sobrevivência.
Já os Fenícios e os Gregos manifestavam a sua adoração aos deuses em festas comemorativas de acontecimentos tão transcendentes como a mudança das estações do ano. Esses costumes foram assimilados por civilizações pré-romanas como os Celtas, que no 1º de Maio celebravam a festa druídica (Beltane), época em que começava o ano e se acendiam grandes fogueiras. Acendia-se então o fogo novo, símbolo da eterna renovação. Foram depois assimiladas pelos romanos, que também comemoravam a chegada da Primavera, homenageando os seus deuses pastoris, como Flora, Palas, Pomona, Ceres, entre outros.
Está neste caso a deusa Pales, protectora dos pastores e dos rebanhos, a quem este dia também era consagrado e que tinha em Roma festas chamadas Palílias ou Parílias. É apresentada coroada de louros e com um molho de palha nas mãos.
Ao nascer do dia os pastores vestiam os seus melhores fatos, purificavam os rebanhos e os currais fazendo à entrada fogueiras alimentadas com enxofre, pinho, loureiro e rosmaninho.
Depois desta purificação, ofereciam pela mão do sacerdote, leite, mel e bolos de farinha de milho ou trigo, realizando-se a seguir, uma refeição pública.
Outra é a deusa Maia, uma ninfa que teve de Zeus um filho, Hermes o mensageiro dos deuses. É-lhe consagrado tanto o primeiro dia de Maio, como também o dia 15. É a deusa da fecundidade e da projecção da energia vital. Na Hispania, também era conhecida como Fauna, Bona Dea e Ops, e sacrificavam-lhe uma porca grávida.
Alguns festejos incluíam um combate entre a Rainha de Maio, toda de branco, e a Rainha de Inverno, representada por um rapaz vestido sombriamente, que acabava com a derrota deste.
Com o advento do Cristianismo, esta festa de celebração da Primavera e de adoração à Terra, personificada na deusa Maia, foi absorvida pela Igreja, como uma festa de exaltação religiosa de veneração à Virgem Maria, dedicando-lhe o mês de Maio.
Estas celebrações ocorrem por vários países da Europa, embora com variantes.
Em Portugal, as Maias ocorrem nalgumas regiões do país, onde na noite do dia 30 de Abril, se colocaram nas portas e janelas giestas em flor ou coroas de flores (as maias), para protecção do “Maio”, também chamado de “Careto” ou “Burro”, entidade maléfica personificando as forças negativas do inverno.
Em Trás-os-Montes e Beiras, comem-se castanhas, guardadas desde o Inverno, as chamadas castanhas piladas, caso contrario, quando se for passar por um burro, este, atira-se à pessoa e morde-a. “Quem não come castanhas no 1º de Maio, monta-o o burro”, é um ditado da região, que considera Maio, o mês dos burros.
É também costume enfeitarem um menino, o “maio-moço” que levam pelas ruas, cantando e dançando à volta dele:
O meu maio-moço/ ele lá vem/ vestido de verde/que parece bem.
Na região norte acredita-se que se não se colocar a “maia” à porta “Vem o Maio montado num burro branco e quebra a louça”. Os rapazes fazem uma coroa de flores que põem à porta das moças de quem gostam.
Noutras regiões, veste-se uma menina de branco, enfeitada de giestas e flores, que sentada num tapete, rodeada de outras meninas pede esmola, enquanto elas cantam:
Esmolinha à Maia/ para um pandeiro/ que não tem dinheiro.
Mais para o Sul, faz-se uma boneca de palha ou de trapos, ao redor da qual, as moças cantam e dançam toda a noite.No Algarve comem-se os “queijinhos de Maio”.
Esta festa, foi proibida várias vezes e já no tempo de D. João I, em 1385, este considera-a como um costume diabólico e um crime de idolatria. Na Idade Média, designava-se por Cavalo de Maio, um tributo que no dia 1º de Maio, pagavam todos aqueles que não tinham cavalo de marca que servisse para a guerra. Ainda hoje, nos Açores, se chama “Cavalo Branco” ao oficial que faz citações.
O facto de as giestas serem as flores escolhidas, prende-se talvez com uma lenda que conta que: “Quando Judas negociou com os sacerdotes a entrega de Jesus, foi combinado que ele poria um ramo de giestas na porta da casa onde Jesus estivesse. Os apóstolos, apercebendo-se disso, enfeitaram todas as portas com um ramo dessas flores, e os guardas quando chegaram, não O puderam prender dessa vez.”
Em Nanterre, França, é chamada de Festa da Rosa e elege-se a mais bela rapariga da localidade, em Nice, é conhecida como a Batalha das Flores.
“Maia” ou “Maio” é também o nome que se dá ao tronco de árvore ou pau alto, que enfeitado de flores e fitas se ergue no meio da praça e à volta do qual há bailarico toda a noite.

Fontes: Oliveira, Ernesto Veiga de – Festividades Cíclicas em Portugal
Coelho, Adolfo – Obra Etnográfica, vol.I
pt.wikipedia.org
imagem: cm-lagos.pt