sábado, 21 de janeiro de 2012

O Al – Andaluz III


De 1146 a1228 - O Período almóada.
Com a queda dos Almorávidas em 1145, a Península estruturou-se em duas zonas divididas por um profundo fosso: as Estremaduras.
Com a chegada dos almóadas, o novo povo que veio substituir os almorávidas esses fossos entre a península cristã e a muçulmana ficam definidos.
O movimento almóada (de al-muwahhidun, os unitários), foi fundado por Ibn Tumart e organizado depois dele por Abd al-Mumin, cuja dinastia reinou desde meados do sec. XII até meados do sec. XIII. Com a queda do califado de Bagdad, todo o pensamento muçulmano se concentrou no Al-Andaluz, onde reinava um ambiente de liberdade.
Em 1170 os almóadas transferiram a sua capital para Sevilha, onde fundaram a grande mesquita, posteriormente convertida em catedral cristã. A torre da mesquita, a Giralda foi construída em 1184 para assinalar a ascensão de Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur (Almançor).
Yakub I, ou Almançor, foi o terceiro califa da dinastia almóada de Marrocos. Anteriormente feito emir pelo seu pai, subiu ao trono do império em 1184, aquando da morte deste após a derrota na batalha de Santarém, frente a Fernando II de Leão. O seu reinado coincidiu com o período de máximo esplendor do império almóada na Península Ibérica.
A zona entre o Tejo e o Guadiana, tantas vezes conquistada pelos reis cristãos e várias vezes perdida, constituía uma fronteira tão perigosa, que levou à criação das ordens militares.
Em Portugal, a tomada do Castelo de Silves em 1189 por D. Sancho I suscitou uma contra-ofensiva muçulmana que resultou não só na perda de Silves como de grande parte da região do Alentejo, até à margem esquerda do rio Tejo, permanecendo apenas Évora em poder dos cristãos. Entre 1190 e 1191, Ya'qub al-Mansur tomou as cidades de Alcácer do Sal, Palmela, Almada, Torres Novas e Abrantes e tentou invadir Tomar, mas os cavaleiros templários de Gualdim Pais resistiram e travaram a sua invasão. Em 1195, à frente de um poderoso exército, passou novamente o estreito de Gibraltar e derrotou as forças cristãs de Afonso VIII de Castela na batalha de Alarcos.
Em 1212, na batalha de Navas de Tolosa (conhecida simplesmente como “A Batalha”, nas crónicas da época), as forças conjuntas dos reinos cristãos de Castela, Aragão, Navarra e Portugal, apoiadas pelas Ordens Militares, infringem uma pesada derrota aos exércitos muçulmanos, contribuindo para a desarticulação do império almóada.
De 1228-1262 - Terceiro período de reinos de taifas.
Em Múrcia estala uma revolta contra o poder já em declínio dos almóadas, dando origem a um terceiro período de reinos de taifas. Em 1249, com a conquista do Algarve, - último reino do Gharb Al-Andalus - por D. Afonso III, acabou o domínio muçulmano no território português.
No resto da Península, perante o avanço cristão, o senhor de Jaen declara-se vassalo do rei de Castela, ajudando-o na luta contra os outros senhores de taifas, e fixa-se em Granada, onde inicia a dinastia nasrida.
De 1238-1492 - A dinastia nasrida do reino de Granada.
A partir desta altura e com a reconquista dos territórios pelos cristãos, a denominação de Al-Andaluz passa a referir-se apenas ao reino de Granada, quando no século XIV, o domínio muçulmano na península se reduz ao reino dos Nazaries, sediado nessa cidade. Este reino foi fundado por Mohamed ben Yusuf, senhor de Jaen, que ficaria conhecido na História por Mohamed I.
Um dos grandes legados arquitectónicos desta dinastia foi a construção do palácio do Alhambra.
Em 1491 o último rei nasrida, Abu Abd Allah (Boabdil), capitulou perante os Reis Católicos, Fernando e Isabel. No ano seguinte o reino de Granada seria integrado na Espanha. As famílias muçulmanas de posição social mais elevada deixaram a península, fixando residência no norte de África. Os muçulmanos que permaneceram foram obrigados em 1502 a converter-se ao cristianismo ou então teriam de abandonar o país. Por sua vez, os muçulmanos que se tinham convertido à fé cristã (os mouriscos) foram acusados de seguir o islão secretamente, tendo sido expulsos da Espanha entre 1609 e 1614.

É de um dos poetas do Andaluz, Abú Aláçane Alcartajani, nascido em Cartagena e falecido em Tunes em 1285, o poema que se segue:

Os rios de Espanha choram de tristeza em fluído pranto
Pela sede de sangue que não foi saciada.

Chorou sua pena o Guadalaviar
Como lágrimas correntes incessantes.

Guadalquivir seu irmão chorou por não poder saciar
A sede das sanguessugas que grasnaram. (1)

O Jucar esteve a ponto de secar quando se encolerizou
Pelos danos que os ruivos causavam por toda a parte.

Gemeu o Guadiana em seu Ocidente cheio o saco lacrimal
De copioso pranto.

Os dois rios da Fronteira Superior, o Tejo e o Ebro,
Queixavam-se ambos e a própria fronteira se queixava de sede

Encadeada de tristeza
Embora tivesse a água dos rios entre a boca e as fauces.

(1) Segundo uma lenda pré-islâmica, se colocassem sanguessugas na cabeça de um assassinado que não tivesse sido vingado, estas pediam: Dá-me de beber (o sangue do assassino).

Fontes www.wikipedia.org.
Coelho, António Borges – Historia de Portugal e Portugal na Espanha Árabe
Alves, Adalberto – Al – Mu’tamid, Poeta do Destino
Saraiva, José Hermano – História de Portugal
História Universal - jornal O Público


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