sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Manuel António Pina


Faleceu esta tarde, no Hospital de Santo António, no Porto, aos 68 anos de idade, o jornalista Manuel António Pina, galardoado o ano passado com o Prémio Camões.
Nascido no Sabugal a 18 de Novembro de 1943, fixou residência na cidade do Porto, aos 17 anos de idade, numa casa cheia de gatos, ou não fosse um apaixonado desta espécie. Têm sido vários, alguns com direito a nomes pomposos, como Maria Adelaide ou Hugo Afonso Coelho Vaz, ou mais coloquiais como Luís ou Zé.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi jornalista do Jornal de Notícias durante três décadas, tendo sido depois cronista desse mesmo jornal e da revista Noticias Magazine.
Foi professor na Escola Superior de Jornalismo e membro do Conselho de Imprensa
Como escritor, é autor de vários títulos de poesia, novelas, textos dramáticos e ensaios, entre os quais: em poesia - Nenhum Sítio (1984), O Caminho de Casa (1988), Um Sítio Onde pousar a Cabeça (1991), Algo Parecido Com Isto da Mesma Substância (1992); Farewell Happy Fields (1993), Cuidados Intensivos (1994), Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança (1999), Le Noir (2000), Os Livros (2003); em novela - O Escuro (1997); em texto dramático - História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas (1984), A Guerra Do Tabuleiro de Xadrez (1985); no ensaio - Anikki - Bóbó (1997); na crónica - O Anacronista (1994); e, finalmente, na literatura infantil - O País das Pessoas de Pernas para o Ar (1973), Gigões e Amantes (1978), O Têpluquê (1976), O Pássaro da Cabeça (1983), Os Dois Ladrões (1986), Os Piratas (1986), O Inventão (1987), O Tesouro (1993), O Meu Rio é de Ouro (1995), Uma Viagem Fantástica (1996), Morket (1999), Histórias que me contaste tu (1999), O Livro de Desmatemática e A Noite, obra posta em palco pela Companhia de Teatro Pé de Vento, com encenação de João Luís.
A sua obra tem merecido, frequentemente, destaque, tendo sido já homenageado com diversos prémios, como, por exemplo, o Prémio Literário da Casa da Imprensa, em 1978, por Aquele Que Quer Morrer; o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens e a Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua, em 1988, por O Inventão; o Prémio do Centro Português de Teatro para a Infância e Juventude, em 1988, pelo conjunto da obra; o Prémio Nacional de Crónica Press Clube/Clube de Jornalistas, em 1993, pelas suas crónicas; o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, em 2001, por Atropelamento e Fuga; e o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Grande Prémio de Poesia da APE/CTT, ambos pela obra Os Livros, recebidos em 2005.

A sua vasta obra foi traduzida em França, Estados Unidos, Espanha, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Rússia, Croácia e Bulgária. A sua obra poética está reunida no volume «Todas as Palavras» (2012), editado pela Assírio & Alvim. Algumas destas obras foram adaptadas ao cinema, TV e editadas em disco.
Quando, em 2011, Manuel António Pina soube que lhe tinha sido atribuído o Prémio Camões por toda a sua obra - que inclui poesia, crónica, ensaio, literatura infantil e peças de teatro – afirmou: “É a coisa mais inesperada que podia esperar”.

 Amor como em casa
 
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraido percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
numa tarde no café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.


Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"

Fontes:
www.wikipedia.pt
Infopedia
Jornal “O Sol”

 

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