terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Contos tradicionais Chineses



O Cheiro da comida e o som do dinheiro

Certo dia, ao ver que o dono de um restaurante estava a agredir um pobre, Hocanasgar (Personagem bem conhecida pelas suas aventuras, da minoria étnica kazak) decidiu intervir.
- O que está a fazer? – perguntou ao dono do restaurante.
- Este pobre não quer pagar o que comeu.
- O que comeu ele? E quanto lhe deve? – quis saber Hocanasgar.
- Ele entrou no meu restaurante, tirou um pão do bolso, e ficou a contemplá-lo durante muito tempo. Só depois do cheiro da cozinha se infiltrar no pão é que ele começou a comer. O cheiro da minha comida não é de graça, por isso ele tem que me pagar!
- Tem toda a razão – disse Hocanasgar. E voltando-se para o pobre, perguntou: - Qual é a sua versão dos acontecimentos?
- De facto, entrei no restaurante. Queria pedir um prato, mas como são muito caros, o meu dinheiro não chega para eles. Ainda pedi algumas sobras, mas o dono do restaurante não quis dar-mas. Assim, fiquei a comer o meu pão, sentado à porta. Como se atreve ele a cobrar-me dinheiro por isso?
- Também está cheio de razão…Mas, diga-me, tem algum dinheiro por pouco que seja?
- Só tenho duas moedinhas.
- Dê-mas, que eu resolvo o assunto.
O pobre tirou o dinheiro do bolso e entregou-o a Hocanasgar. Este fez soar as moedas ao ouvido do dono do restaurante, devolvendo-as depois ao pobre, dizendo:
- Pode ir-se embora.
- Como pode deixá-lo ir sem pagar? – gritou o dono, furioso.
Então Hocanasgar explicou calmamente:
- Gosto de defender a justiça. Ele não comeu a sua comida, cheirou-a. Mas agora você também ouviu o som do dinheiro dele! Estão quites.

Fonte:
Suoying, Wang e Ana Cristina Alves – Contos da Terra do Dragão – Ed. Caminho

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O Túmulo de Inês de Castro- II

A arca de Inês repousa sobre o dorso de seis seres híbridos, com corpo de animais e bustos humanos (aos quais não faltam os capuzes), que se têm prestado a diversas especulações, entre elas, a de que se referem aos seus assassinos, que assim são condenados a sustentaram o seu peso para todo o sempre.

A Paixão de Cristo
Nos frontais que ladeiam o túmulo de D. Inês os grandes nichos ou edículas das faces laterais estão preenchidos com os temas do Novo Testamento sobre a Vida e Paixão de Cristo com as figuras esculpidas com tão notável perfeição que são de fácil interpretação, mesmo que algumas estejam mutiladas.

Calvário
No topo, do lado da cabeça da estátua jacente, o facial é preenchido com a figuração do Calvário, complementada por figuras do Antigo Testamento, como David e Salomão, figuras que fazem parte da mais importante simbologia ligada à realeza, numa iconografia escolhida por D. Pedro para figurar no túmulo da sua amada numa clara referência ao seu “martírio” às mãos dos homens de D. Afonso IV.
 

O Juízo Final
Todo o facial dos pés é ocupado pelo Juízo Final, composição riquíssima e de extraordinária beleza. Trata-se de uma cena com itinerário narrativo em S: Sobre a estrada do Bem e do Mal caminham felizes para o Céu os bem-aventurados; descem os condenados para o Inferno, figurado pela face de um monstro de onde irrompem extensas chamas. Na parte superior Cristo entronizado preside ao tribunal divino tendo à Sua direita a Virgem ajoelhada em oração, cercada de anjos e dos apóstolos. Numa pequenina janela geminada, situada num recanto à direita, figuram Pedro e Inês em oração. Na parte inferior está representada a Ressurreição, representada pelas figuras dos mortos que se levantam das suas sepulturas para serem julgados.
Com esta representação dramática do Último Julgamento é provável que D. Pedro quisesse mostrar a todos (inclusive a seu pai e aos assassinos) que ele e Inês tinham um lugar no Paraíso, ao passo que os seus carrascos entrariam pela bocarra de Leviatão, representada no canto inferior direito.


Durante a invasão francesa, em 1810, os soldados mutilaram as estátuas jacentes e violaram os túmulos, causando danos irreparáveis no lado esquerdo do de D. Inês, sendo o seu corpo retirado pela abertura assim feita. A cabeça, que ainda conservava os seus belos cabelos louros, foi atirada para a sala ao lado, onde se encontravam já os ossos profanados dos outros túmulos que aí se encontravam.
Para que a leitura do túmulo de Inês de Castro fique completa, tem de se proceder também à leitura do túmulo de D. Pedro, pois que tal como em vida, encontram-se unidos também na morte!

Fontes e Imagens:


www.igespar.pt/

Os Túmulos de D. Pedro e de Dª Inês em Alcobaça, por José Custódio Vieira da Silva.
Alcobaça – Dom Maur Cocheril
Iconografia dos Túmulos de D. Pedro e D. Inês – Manuel Vieira Natividade