segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Túmulo de D. Pedro I - I



O túmulo de D. Pedro, assente sobre o dorso de oito leões de juba encaracolada, tem como decoração, alinhados no rebordo da tampa sobre um friso arquitectónico os escudos de Portugal. O jacente do rei apresenta-o ladeado por seis anjos, cujas vestes se desdobram em pregas miúdas. A sua cabeça coroada repousa sobre uma almofada dupla, mas ao contrário da de D. Inês, não está protegida por um baldaquino. O seu rosto é o de um homem maduro, de olhos abertos, com a barba e o cabelo encaracolados. O monarca segura a espada estirada obliquamente sobre o seu corpo, segurando o punho com a mão direita enquanto a esquerda segura a bainha. O corpo apresenta-se com trajes compridos que, à semelhança do moimento de Inês de Castro, se apresentam com notável modelado. Os seus pés estão apoiados num imponente lebréu, embora haja vestígios de um outro. Em termos escultóricos, o túmulo de D. Pedro é considerado uma melhor obra, chegando os altos-relevos a atingir 15cm de profundidade, enquanto no túmulo de D. Inês atingem os 10cm.



Nos frontais da arca, as grandes edículas laterais são preenchidas com passagens da vida de S. Bartolomeu, desde o seu nascimento até à conversão do rei da Arménia, no lado direito, e no frontal esquerdo desenrolam-se os episódios do combate à idolatria e o julgamento e martírio do santo às ordens do rei Astiages, que o condena a ser esfolado vivo. Santo protector do rei, vela pelas crianças epilécticas ou que nasciam com defeitos na fala, como era o caso de D. Pedro.

Martírio de S. Bento (Na última edícula o Santo já com a pele às costas, eleva-se para o Céu mas ainda pregando a dois anciães)



No facial dos pés da arca, está representada a Boa Morte cristã de D. Pedro, dividida em dois momentos, a Extrema-Unção e o Viático. Qualquer das cenas é passada no quarto de dormir do rei, apresentando-se este coroado, deitado num leito gótico. A figura central no nicho que divide as imagens será S. Bento. Estas cenas da morte exemplar do rei remetem-nos para o túmulo de D. Inês, cuja morte violenta a impediu de receber os últimos sacramentos.

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