terça-feira, 15 de setembro de 2015

O Aniversário da Lua



O Festival da Lua, também chamado na China de Festival de Meados de Outono, é um dos principais feriados tradicionais celebrados pelo povo chinês, ocorrendo sempre no 15º dia do 8º mês lunar do calendário chinês, (normalmente em meados de setembro no calendário gregoriano), e que coincide com a Lua Cheia do equinócio de outono do calendário solar. Este ano o festival celebra-se a 27 de Setembro.
É manifestamente uma festa das colheitas que se querem boas, sendo tempo de guardar provisões para o Inverno que se aproxima, reservas alimentares e sementes. a Lua é aqui ainda o símbolo da fecundidade. A lua é de água, ela é a essência do yin: como o Sol, é habitada por um animal, que é uma lebre ou um sapo.
O culto “oficial” à Lua parece remontar à dinastia Shang (1600 – 1046 a. C.) contudo referências ao festival do Meio de Outono surgem já nos célebres Ritos de Zhou (Dinastia Zhou do Oeste) altura em que entre a nobreza e os ricos vingou o hábito de sacrificarem à Lua no 15.º dia da 8.ª Lua. Tornar-se-ia uma festa popular já na Dinastia Tang (618 – 907) mas é na dinastia seguinte, a Song que a tradição se enraíza permanecendo até aos nossos dias.
Conta-se que o Imperador Xuanzong terá feito uma visita pela mão do mestre Taoista Lo Gong Yuan, até ao “Palácio da Lua” através de uma ponte que unia a terra à lua através dos céus, ou como consta numa outra versão, através de um sonho, onde terá sido recebido com “música”, “bailarinas” e “bolo lunar”, que foi então adoptado como símbolo da celebração. O bolo lunar é sempre redondo ou quadrado, redondo por ser a forma da lua, quadrado, pelas quatro faces da Lua.


Nesse dia, uma Lua límpida e brilhante paira nas alturas da noite transparente, de onde contempla a Terra com um sorriso. Nessa Lua redonda e luminosa mora a bela e solitária deusa Chang E, a mulher do herói ou semi-deus Hou Yi, o arqueiro que derrotou os nove sóis e, por isso perdeu a sua imortalidade.
Diz a lenda, há sempre uma lenda, que havia dez sóis na terra que se substituíam saindo um a cada dia. Um dia, cansados das suas rotinas, resolveram sair todos de uma vez e o calor foi tanto que as pedras derretiam, as pessoas morriam e as plantas secavam. Por isso, o imperador, Yao, implorou ao pai dos sóis, Dijun, que os controlasse. Os sóis não deram ouvidos a seu pai e por isso ele enviou Houyi para a Terra com um arco mágico e flechas. Dijun esperava que Hou Yi apenas assustasse os sóis, mas quando ele viu a devastação causada por aqueles foi tomado por um acesso de fúria e derrubou nove deles, restando apenas o atual. Dijun por sua vez ficou furioso e baniu Hou Yi para a Terra para passar o resto de seus dias como um mortal.
Depois deter destruído os nove sóis Hou Yi conhece a bela mortal Chang'e por quem se apaixona e casam-se. Vivem felizes e o archeiro continua a ensinar a sua arte aos mais necessitados dos seus seguidores para que estes pudessem com a caça sobreviver e para se defenderem. Um dia, resolveu ir falar com a Imperatiz-mãe para saber como poderia novamente tornar-se imortal e conseguir que a sua amada também o fosse. A viagem foi muito longa e cheia de perigos, mas o nosso herói venceu todos os obstáculos e conseguiu da imperatriz o elixir da imortalidade. Se o tomasse junto com a esposa ascenderiam os dois aos céus.
Feng Meng, considerado o melhor de todos os discípulos de Hou Yi, era, no entanto, orgulhoso, invejoso e perverso. Todos os dias desejava que o seu mestre morresse, pois cobiçava ser considerado o mais exímio arqueiro do mundo. Contudo, ao saber do elixir que tornava irrealizável o seu sonho, tenta roubá-lo a Cheng'e aproveitando uma ausência do mestre. Cheng'e não querendo dividir o elixir com um homem tão perverso, toma-o e chorando amargamente, voa para a Lua, o lugar mais próximo da Terra e de onde poderia continuar a ver o seu amor.
Mas Feng Meng espera por Hou Yi arma-lhe uma emboscada, acabando por o matar com uma paulada na cabeça e esconde-se, aproveitando a escuridão, Ao saberem do crime, os habitantes da aldeia ficam consternados e partem à procura do assassino munidos de lanternas acesas, acabando por o encontrar. Amarram-no a uma árvore e matam-no, atravessando-o cada um com uma flecha.
Chang E continuou a habitar, tal como uma fada celestial, o luxuoso palácio de Guanghan feito de jade e esmeraldas, mas afastada da Terra e da companhia de Hou Yi, a sua eternidade tornou-se um mar de amargura, solidão e sofrimento.




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